Estratégia Barbell & Bitcoin no Brasil: A história se repete?

Após o estudo sobre a carteira hipotética com 80% em Treasury Bills (títulos do Governo dos EUA de curto prazo) e 20% em Bitcoin, me foi sugerido repetir o estudo, porém, desta vez, utilizando o preço do Bitcoin em reais e usando o CDI como o caixa do portfólio.

As demais regras seguiram as mesmas. São elas:

1- O Backtest terá como data inicial as máximas de preço de 2013 e 2017. O objetivo é tentar mitigar o viés de alta gerado com qualquer backtest envolvendo o Bitcoin.

2- O rebalanceamento será feito sempre que o percentual alocado em Bitcoin superar 30% ou ficar abaixo de 10%. Essa lógica serve para respeitarmos a Estratégia Barbell e evitarmos uma sobrealocação em Bitcoin (algo que poderia ser perigoso, caso neste momento iniciasse uma queda forte no ativo).

Pelo fato do Índice Bovespa não ter tido um bom desempenho desde 2013, decidi substituir o benchmark (índice de referência) pelo IMA B 5+, o índice de títulos públicos do Brasil atrelados ao IPCA, com prazo de vencimento acima de 5 anos. Ele é considerado por alguns como “um índice imbatível”. Mas será mesmo? Bem, é isso que nós vamos descobrir.

PERFORMANCE HISTÓRICA

Avaliando a performance histórica desde a máxima registrada em novembro de 2013, vemos que a carteira 80/20 teria apresentado um retorno de 9,8 vezes, enquanto o IMA B 5+ rendeu 3,34 vezes, no mesmo período. Anualizando estes retornos, chegamos a 24,71% e 12,39%, respectivamente. Ou seja, o dobro do índice de referência.

Mesmo com essa performance impressionante, é importante enfatizar o período no qual a carteira 80/20 passou abaixo do benchmark. Note que de novembro de 2013 até março de 2017, o retorno foi inferior ao IMA B 5+. Essa observação serve para lembrar que mesmo uma estratégia que possa apresentar resultados excepcionais e com quedas máximas controladas não está imune a vários anos underperformando o seu benchmark.

RETORNO ANUALIZADO EM JANELAS MÓVEIS DE 5 ANOS

Tomando como base o retorno em janelas móveis de 5 anos, também constatamos a superioridade da nossa carteira hipotética, em relação ao IMA B 5+. Em todo o período disponível, o retorno da carteira 80/20 foi superior ao do benchmark.

QUEDAS MÁXIMAS (MAX DRAWDOWNS)

Ao analisarmos as quedas máximas, notamos que a carteira 80/20 teve as piores quedas de 14,87%, 11,79% e 11,75%. Por outro lado, o IMA B 5+ teve quedas de 12,02%, 10,25% e 8,51%. Sendo assim, a carteira teria sofrido quedas levemente superiores às do índice de referência.

DESVIO PADRÃO E RETORNO AJUSTADO AO RISCO

O desvio padrão anualizado (medida de volatilidade comumente utilizada no mercado financeiro) foi de 15,93% para a carteira 80/20, enquanto o IMA B 5+ registrou um desvio padrão de 10,64%. Sob esta ótica, o benchmark teria sofrido com menos volatilidade.

Porém, quando avaliamos o retorno ajustado pelo risco, medido pelo Índice Sharpe, notamos que a carteira teria um resultado muito superior ao IMA B 5+ (0,97, em comparação com 0,30).

Agora, vamos para o backtest com data inicial em dezembro de 2017.

PERFORMANCE HISTÓRICA

Tomando esta nova data como referência, vemos que a carteira 80/20, mais uma vez, teria performado acima do índice. Neste caso, o equivalente a 19,12% ao ano, enquanto o IMA B 5+ teve um CAGR de 9,96% no mesmo período.

Mais uma vez, julgo importante destacar que a carteira teria passado quase 3 anos abaixo do índice de referência. Mais precisamente, de dezembro de 2017 até outubro de 2020. Manter uma estratégia vencedora pode exigir bem mais resiliência mental do investidor do que o simples retorno final é capaz de sinalizar.

RETORNO ANUALIZADO EM JANELAS MÓVEIS DE 5 ANOS

Mais uma vez, a carteira teria tido um retorno médio anualizado bem acima do IMA B 5+, ao avaliarmos janelas móveis de 5 anos. 

QUEDAS MÁXIMAS (MAX DRAWDOWNS)

Quando o assunto são as quedas máximas, vemos que a carteira 80/20 teria sofrido quedas de 11,75%, 11,05% e 8,85%, enquanto que o IMA B 5+ sofreu 12,02%, 10,25% e 6,40%. Neste segundo backtest, as quedas máximas teriam sido bem semelhantes.

DESVIO PADRÃO E RETORNO AJUSTADO AO RISCO

Ao avaliarmos o desvio padrão, constatamos que a carteira teria sido, mais uma vez, mais volátil do que o IMA B 5+, apresentando um desvio padrão de 14,13%, enquanto o benchmark apresentou um desvio padrão de 11,01%.

Por outro lado, o índice sharpe da carteira teria sido bastante superior ao do IMA B 5+ (um fenômeno semelhante ao backtest iniciado em novembro de 2013).

CONCLUSÃO

Com este novo backtest, desta vez em reais e utilizando o CDI como o rendimento para o caixa, chegamos a conclusões bastante semelhantes. Via de regra, as quedas máximas entre a carteira e o benchmark teriam sido semelhantes, o retorno em janelas de 5 anos teria sido favorável para a carteira 80/20 e o retorno ajustado pelo risco teria sido bem mais favorável à nossa carteira hipotética.

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Renan Zanella, CFA
Renan Zanella, CFA
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