Dólar x Ibovespa: A proteção para a renda variável

Você já deve ter se deparado com algum comentário do tipo “ter parte da carteira dolarizada ajuda a proteger o risco da bolsa no Brasil”. Pois é, eu também já ouvi. E é justamente com o objetivo de verificar se essa afirmação tem fundamentos que este artigo foi elaborado.

Irei analisar vários momentos ao longo dos últimos 25 anos, para ter uma base mais sólida, a fim de confirmar (ou não) a ideia de que a bolsa brasileira e o preço do dólar costumam andar em direções contrárias. Especialmente, em momentos de aversão ao risco ou crise (seja local ou global).

Aqui vão algumas observações:

1-  Os preços de base serão os preços de fechamento diário. Logo, as máximas e mínimas “intradiárias” não serão consideradas.

2- Buscarei tomar como base a mínima e a máxima do preço em cada período histórico. Sendo assim, as máximas e mínimas dos dois ativos podem não coincidir.

1ª ELEIÇÃO DO PT (2002)

No ano de 2002, o PT estava, pela primeira vez, à frente nas eleições. O receio com o então desconhecido candidato fez com que os investidores diminuíssem o risco local, de tal modo que o Ibovespa caiu de 14380 pontos para 8380 pontos, enquanto o dólar subiu de R$ 2,26 para R$ 3,95.

SUBPRIME (2008~2009)

Na crise de 2008, o Ibovespa continuou subindo mesmo quando o S&P 500 já tinha entrado em tendência de queda (em outubro de 2007). Porém, em maio de 2008, o Ibovespa registrou sua máxima de 73400 pontos, caindo, a partir de então, até os 29400 pontos. Por outro lado, o dólar se apreciou de R$ 1,55 até R$ 2,51.

CRISE DA DILMA (2014~2016)

Ao longo dos principais anos da crise da Dilma, o Ibovespa caiu dos 61900 pontos até 37400 pontos. Enquanto que o dólar subiu dos R$ 2,24 até os R$ 4,11 no mesmo período.

GREVE DOS CAMINHONEIROS (2018)

Durante a greve dos caminhoneiros também foi possível observar esse fenômeno. O Ibovespa caiu dos 87600 pontos até os 69800 pontos. Por outro lado, o dólar subiu dos R$ 3,15 até os R$ 4,20.

COVID (2020)

Enquanto o mundo entrava em pânico, no início de 2020, derrubando as bolsas globais, o que naturalmente incluiu o Ibovespa, que foi dos 119500 pontos até os 63500 pontos, o dólar subiu dos R$ 4,02 até atingir os R$ 5,89.

CORRELAÇÃO DESDE 2000

Ao puxarmos o histórico dos preços, tanto do Ibovespa quanto do dólar desde 2000, fica ainda mais fácil notar como os dois tenderam a se movimentar em sentidos opostos. Calculando a correlação para o período de 52 semanas, vemos que na maior parte do tempo, a correlação foi negativa.

CONCLUSÃO

Depois de fazer este estudo, gostaria de complementar com mais algumas considerações:

1- O comportamento divergente se dá, em grande parte, pelo fato do gringo ter uma grande influência na bolsa brasileira. Logo, quando o investidor estrangeiro se desfaz de suas posições, por estar avesso ao risco, ele tende a comprar dólares e reenviá-los ao seu país de origem. Tais movimentos forçam o preço da bolsa para baixo e do dólar para cima.

2- O oposto também é verdadeiro, como podemos ver no gráfico. Quando a bolsa esteve em tendência de alta, o dólar costumou estar em tendência de baixa.

3- Isso não significa que você deveria ter apenas dólares na carteira. Afinal de contas, o dólar também sofre com a inflação, ao longo dos anos. O mais prudente seria alocar parte da sua carteira em investimentos atrelados ao dólar.

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Renan Zanella, CFA
Renan Zanella, CFA
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