Carta Mensal – Relatório de Alocação Junho

1º SEMESTRE

No primeiro semestre desse ano, vimos alguns ativos tendo performances bastante divergentes (em dólar). O Bitcoin subiu 43,36%, o Nasdaq 18,07%, o SP 500 14,48%, o Ouro 12,75% e o ETF da Argentina subiu 11,07%. Por outro lado, o ETF do Brasil caiu 19,24%, o que pode sinalizar que o nosso desempenho tem causas internas, e não globais.

POR QUE TÃO RUIM?

Três representantes da Zanella Wealth estiveram em uma imersão em NYC no mês de maio. Em um dos painéis com o Morgan Stanley, foi apresentado o gráfico abaixo comparando o fluxo de estrangeiro para o Brasil (em verde) vs a expectativa da Fed Funds (taxa básica dos EUA) no final de 2024 em azul.

O fluxo para o Brasil e outros emergentes é muito dependente do custo de oportunidade, que em português claro se traduz como taxa de juros dos EUA. Quando há expectativa de corte, o fluxo aumenta e o contrário também é verdade.

Porém nada disso sozinho explica o desempenho ruim dos ativos brasileiros. Fatores domésticos como risco fiscal, inabilidade de comunicação do Banco Central; postura irresponsável do executivo junto às contas públicas foram os grandes causadores de desconforto para os investidores.

ATÉ ONDE VAI O DÓLAR?

Na última sexta (28/06) o dólar chegou ao patamar de R$ 5,59, sendo o maior preço desde janeiro de 2022. Em entrevista a Uol, o presidente declarou “O mercado sempre precifica desgraça, está sempre trabalhando para não dar certo, está sempre torcendo para as coisas serem piores do que são, na verdade”.

Porém vale lembrar que o mercado é um termômetro dos agentes econômicos e não uma entidade pessimista que se coloca contra o governo.

Mais de 34% do volume sob gestão da Zanella Wealth é alocado no exterior, respeitando o perfil e preferência de cada família. Portanto, nos protegemos e agregamos valor para os nossos investidores com essa valorização do dólar.

Em meio ao caos e falta de esperança, lembremos da lição do grande gestor e escritor Howard Marks: o mercado é similar a um pêndulo, sempre próximo de seus extremos e longe do equilíbrio.

Nosso parecer, ao encontro do pequeno alívio de mercado dessas últimas duas semanas, é de um ambiente mais propício para buscar uma exposição em nossa bolsa e ativos de maior duration.

O percentual de alocação em ações por parte dos fundos locais está próximo das mínimas históricas, o que sinaliza um baixo interesse nas ações brasileiras. E como um baixo interesse costuma vir acompanhado de baixos preços, este talvez seja um sinal altista para a nossa renda variável.

Em comparação aos pares emergentes, o ETF EWZ (bolsa brasileira em dólares) caiu abaixo de 1 desvio padrão da média histórica e o nosso valuation relativo se tornou muito atrativo.

Assista esse vídeo para se aprofundar nos indicadores de valuation

No mês de junho, o Comitê de Política Monetária, braço do Banco Central responsável pela definição da nossa taxa básica de juros (taxa Selic), decidiu de maneira unânime pela manutenção da taxa em 10.5% ao ano. Tal fato acaba por interromper os cortes sucessivos das reuniões prévias, que após sete reduções, coloca o Banco Central em uma condição mais desafiadora para novas supressões da taxa Selic a partir do segundo semestre de 2024.

O mercado aparentemente entendeu como coerente o posicionamento do Banco Central às condições impostas, visto que, a partir da reunião do COPOM no dia 19 de junho, houve uma breve recuperação dos principais índices do nosso mercado de capitais.

OUTRAS OPORTUNIDADES

A oferta escassa de títulos públicos IPCA+ de longo prazo acima de 6% ao ano, que se faz presente desde o fim do mês de abril, também corrobora para um fluxo importante de saída de capital de renda variável para renda fixa, sendo inclusive um balizador aos investimentos de crédito bancário e/ou privado.

A disponibilidade desses títulos do Tesouro Nacional oportuniza uma alocação também em Fundos Imobiliários/FIP-IE/FI-Infra, que entregam um yield muito atrativo neste momento, considerando que suas cotas foram impactadas de modo a atenderem ao que se oferta com os títulos públicos atualmente.

Ocorre que, conforme consta nas imagens abaixo em levantamento realizado pela XP Investimentos, tal correção entrega um spread de dividend yield maior do que a média, corroborando com o sentimento de pessimismo exagerado sobre bolsa no Brasil:

Ao mercado internacional, destacamos a necessidade de buscarmos cautela quanto ao principal índice acionário, o S&P500. O índice se apresenta cada vez mais concentrado e desequilibrado entre seus setores. A alocação daqui para frente precisa ser pautada no fator de qualidade.

Abaixo utilizamos como exemplo o portfolio Global Franchise da gestora Ninety-One que reforça 4 drivers de qualidade: fluxo de caixa, baixa alavancagem, crescimento e rentabilidade.

Retomamos com nossa Carta Mensal, que junto dos demais meios de comunicação (redes, podcasts e newsletter), reforça o nosso compromisso de atualização contínua e eficiente às informações de mercado.

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Renan Zanella, CFA
Renan Zanella, CFA
Artigos: 110

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