O tema dívidas é, para muitos, uma fonte de apreensão e preocupação financeira. A ideia de cair na armadilha dos juros rotativos do cartão de crédito ou do cheque especial é assustadora, e ninguém gosta da ideia de pagar juros aos bancos. No entanto, é importante entender que nem todas as dívidas são prejudiciais. Neste artigo, exploraremos o conceito de “boas dívidas” e discutiremos em que circunstâncias fazer uma dívida pode ser considerado um investimento inteligente.
Boas Dívidas: Quando Vale a Pena Pegar Um Empréstimo
1. Alavancando seu Negócio
Uma das situações em que fazer uma dívida pode ser vantajoso é quando se trata de alavancar o seu negócio. É importante entender que, nesse caso, você não está se endividando, mas sim usando o crédito como uma ferramenta para expandir suas operações. A viabilidade dessa abordagem depende da relação entre o custo do empréstimo e o retorno esperado do investimento.
Por exemplo, se você planeja adquirir um novo galpão para a sua empresa e iniciar uma nova linha de produtos, é fundamental calcular o retorno que essa expansão trará nos próximos anos. Compare esse retorno com o custo do empréstimo que o banco está oferecendo. Se o investimento promete um retorno de 20% ao ano e o banco cobra apenas 10% de juros, essa dívida pode ser considerada um investimento lucrativo.
Dentro das finanças corporativas, ensina-se que o capital próprio (o dinheiro dos sócios) geralmente é mais caro do que o capital de terceiros (empréstimos). Isso ocorre porque o risco associado ao capital próprio é maior. Os bancos não estão interessados no sucesso do seu negócio, apenas em receber o dinheiro de volta. Assim, o risco é menor quando se utiliza capital de terceiros. No entanto, é importante mencionar que, em muitos países, incluindo o Brasil, os juros costumam ser excessivamente altos, tornando essa estratégia menos atraente.
2. Benefício Fiscal das Dívidas
Outra vantagem de algumas dívidas é o benefício fiscal que elas proporcionam. Isso ocorre porque os juros pagos em empréstimos podem ser deduzidos do lucro da empresa, reduzindo a base sobre a qual o imposto de renda é calculado. Em muitos casos, o custo real dos juros é menor do que a taxa nominal devido a essa dedução fiscal.
Portanto, ao avaliar uma dívida, é importante levar em consideração o benefício fiscal, especialmente se a sua empresa opera sob o regime de lucro real. Isso pode fazer com que uma dívida que inicialmente parece cara se torne mais acessível.
3. Preservando a Liquidez
Outra situação em que fazer dívidas pode ser justificável é quando você precisa preservar a liquidez. A liquidez, ou seja, a disponibilidade de dinheiro em caixa, tem um valor intangível. Ter uma quantia de dinheiro à disposição é essencial para lidar com despesas inesperadas, aproveitar oportunidades de investimento ou simplesmente desfrutar de uma vida mais flexível.
Mesmo se você tiver economizado ao longo dos anos para comprar sua casa dos sonhos, pode ser sensato manter parte desse dinheiro disponível em vez de investir tudo de uma vez. Ter liquidez pode ser valioso para viagens, emergências ou oportunidades de negócio inesperadas. Nesses casos, fazer uma dívida com juros baixos pode ser uma estratégia sensata para manter sua liquidez intacta.
4. Aproveitando Oportunidades Únicas
Por fim, nem todas as decisões financeiras podem ser reduzidas a cálculos frios. Às vezes, oportunidades únicas surgem, e fazer uma dívida pode ser a chave para aproveitá-las. Pode ser a chance de adquirir a casa dos seus sonhos, expandir seus negócios ou investir em algo que vai além das considerações puramente financeiras.
Por exemplo, durante crises econômicas, o governo frequentemente disponibiliza linhas de crédito com condições favoráveis para as empresas. Algumas empresas sólidas aproveitaram essa oportunidade para fortalecer seus caixas, mesmo que inicialmente não precisasse do dinheiro. A simples chance de ter um colchão de liquidez e a possibilidade de aproveitar oportunidades futuras justificaram a tomada de empréstimos.
Conclusão: A Importância da Consciência Financeira
Em resumo, a resposta para a pergunta “vale a pena fazer dívida?” não é simples, pois depende de diversos fatores. O principal é a consciência financeira. Antes de tomar qualquer empréstimo, é crucial questionar por que você está fazendo isso e quais serão os benefícios. Você está buscando segurança, liquidez, ou deseja alavancar seus negócios? Talvez tenha surgido uma oportunidade única que não pode ser ignorada.
Além disso, é aconselhável compartilhar essa decisão com outras pessoas, como seu cônjuge ou sócio, e considerar diferentes pontos de vista. Quando usado com discernimento e com um propósito claro, o crédito pode ser uma ferramenta poderosa para alcançar seus objetivos financeiros. Portanto, não descarte a ideia de fazer dívidas sem considerar todas as variáveis envolvidas. Em última análise, o estigma em torno das dívidas deve ser substituído por uma avaliação cuidadosa e consciente de quando e como elas podem se transformar em investimentos sólidos.
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