IPOs: Hora de Comprar ou de Vender?

INTRODUÇÃO

A Y Combinator (YC) é uma das aceleradoras de startups mais influentes do mundo, frequentemente chamada de a “Harvard das incubadoras”. Desde 2005, a YC tem impulsionado a criação de empresas de sucesso, oferecendo um investimento inicial de US$ 500 mil e um rigoroso programa de mentoria, que transforma ideias promissoras em negócios globais. Startups como Stripe, Airbnb e Dropbox são exemplos do impacto da YC no mercado. 

No entanto, o desempenho de suas empresas investidas após a abertura de capital tem gerado debates. Neste artigo, analisaremos como as empresas da YC que se tornaram públicas se saíram no mercado, contrastando o sucesso no mercado privado com os desafios enfrentados após o IPO.

HISTÓRIA E IMPACTO DA Y COMBINATOR

Desde sua fundação em 2005, a Y Combinator tem sido uma força dominante no ecossistema de startups. Com uma taxa de aceitação de apenas 1,5%, a YC é altamente seletiva, investindo US$ 500 mil em startups que considera promissoras, em troca de 7% de participação. Eles ainda oferecem um programa intensivo de três meses aos fundadores, com orientação especializada e uma rede valiosa de contatos. Os resultados são notáveis: 4% das startups da YC se tornaram unicórnios, superando a média de 2,5% do mercado de capital de risco. Pode parecer pouco, mas essa diferença de 1,5% equivale a uma taxa 60% superior.

A YC já financiou mais de 90 empresas avaliadas em bilhões de dólares, incluindo gigantes como Stripe e Airbnb. Estima-se que a YC tenha investido cerca de US$ 1 bilhão em 5.000 empresas, resultando em uma avaliação combinada dessas empresa de US$ 600 bilhões. No entanto, esse retorno espetacular beneficiou principalmente os investidores iniciais, deixando ao público a oportunidade de investir apenas após o IPO — um momento em que os desafios se tornam evidentes.

DESEMPENHO DAS EMPRESAS DA YC PÓS-IPO

Embora a Y Combinator tenha um histórico impressionante no mercado privado, o desempenho das empresas que passaram pelo seu programa após a abertura de capital revela um cenário bem diferente. De acordo com os dados mais recentes, 17 empresas da YC abriram capital, incluindo nomes conhecidos como Coinbase, Airbnb, e DoorDash. Contudo, se um investidor tivesse investido igualmente em todas elas no dia do IPO, teria hoje uma perda acumulada de 49%, enquanto o S&P 500 apresentou um ganho de 58% no mesmo período.

Entre essas 17 empresas, 14 resultaram em prejuízos para os investidores, com três delas perdendo mais de 99% do preço do IPO. Apenas uma empresa superou o desempenho do S&P 500, destacando o quão desafiador é transformar o sucesso privado em ganhos sustentáveis no mercado público. Isso levanta questionamentos sobre a viabilidade de investir nessas empresas após o IPO, considerando o risco elevado e o potencial de perdas significativas.

CASOS DE DESTAQUE E DESTRUIÇÃO DE VALOR

O impacto negativo enfrentado por muitas empresas da Y Combinator após o IPO é claramente ilustrado por alguns casos extremos de destruição de valor. A Coinbase, por exemplo, foi avaliada em US$ 47 bilhões no IPO, cerca de 40 vezes sua receita de 2020. Impulsionada pelo mercado em alta das criptomoedas, a empresa viu suas ações caírem drasticamente à medida que suas receitas despencaram, registrando uma queda máxima de 92% em relação ao seu preço máximo.

Outro exemplo é a Momentus, que prometia criar uma infraestrutura espacial revolucionária, mas viu suas ações perderem 99,9% do valor após falhar em concretizar suas ambições. Da mesma forma, a Presto, uma empresa de tecnologia para restaurantes, viu suas ações caírem em 99% após o IPO, sem conseguir escalar suas operações, apesar do entusiasmo inicial durante o boom tecnológico da pandemia.

O PARADOXO DA Y COMBINATOR: SUCESSO PRIVADO, DIFICULDADE PÚBLICA

O contraste entre o sucesso das empresas da Y Combinator no mercado privado e suas dificuldades após o IPO revela um paradoxo intrigante. No ambiente privado, as startups da YC são valorizadas pelo seu potencial disruptivo e inovação, atraindo investimentos vultosos, baseados em projeções de crescimento futuro. Esse otimismo, no entanto, nem sempre se traduz em resultados tangíveis, quando essas empresas abrem capital.

Nos mercados públicos, as empresas enfrentam uma realidade mais rigorosa, onde as expectativas dos investidores são confrontadas com a necessidade de apresentar resultados concretos. O caso da Momentus, que chegou a ser negociada a 500 vezes a sua receita, mostra como as expectativas de crescimento dos investidores podem ficar, de tempos em tempos, completamente desconectadas da realidade.

CONCLUSÃO

O desempenho das empresas da Y Combinator no mercado público desafia a ideia de que sucesso no mercado privado garante retornos positivos após o IPO. Apesar da YC criar startups inovadoras e de grande potencial, muitas dessas empresas enfrentam quedas drásticas em suas ações quando suas expectativas de crescimento extremamente otimistas confrontam a realidade.


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Renan Zanella, CFA
Renan Zanella, CFA
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