Cauda Longa: O Poder dos Eventos Raros

INTRODUÇÃO

Muitos investidores acreditam que o sucesso só vem com acertos constantes. Porém, a realidade é diferente: é possível construir uma carreira financeira de sucesso mesmo errando diversas vezes. O conceito de eventos de cauda explica como poucos acertos podem gerar resultados extraordinários, enquanto a maioria das tentativas pode falhar.

Neste artigo, iremos falar sobre como os eventos de cauda influenciam o sucesso financeiro, trazendo exemplos reais de grandes corporações e investidores que prosperaram, mesmo com muitos fracassos. Também vamos abordar a psicologia por trás das reações dos investidores diante de falhas e como manter a calma pode ser o diferencial para resultados expressivos.

O CONCEITO DE EVENTOS DE CAUDA EM INVESTIMENTOS

Eventos de cauda são aqueles acontecimentos raros, mas com grande impacto, responsáveis por uma boa parte dos resultados. No mercado financeiro, isso significa que apenas alguns investimentos podem gerar a maior parte dos lucros, enquanto a maioria tende a ter desempenhos mais modestos ou até negativos.

Como Housel explica: “Caudas longas — os extremos mais distantes de uma sequência de resultados — exercem uma influência enorme nas finanças, quando um pequeno número de eventos acaba sendo responsável pela maioria dos resultados”. Um exemplo numérico disso é que, no período de 2004 a 2014, apenas 0,5% dos investimentos de risco obteve retorno superior a 50 vezes o valor investido. Isso mostra que o sucesso financeiro não depende de acertar o tempo todo, mas sim de identificar e aproveitar esses grandes eventos.

EXEMPLOS REAIS: SUCESSO ATRAVÉS DE FRACASSOS

Um bom exemplo de sucesso baseado em eventos de cauda é Heinz Berggruen, famoso negociante de arte. Ele formou sua fortuna adquirindo muitas obras ao longo dos anos, sabendo que apenas uma pequena parte delas se valorizaria de forma significativa. O mesmo acontece com investidores, onde poucos acertos compensam muitos erros.

Outro exemplo interessante é a comparação entre o S&P 500 e uma carteira composta com 80% de caixa e 20% de Bitcoin, um ativo ainda bastante volátil e com um desempenho bastante fora da curva. Fazendo o backtest incluindo rebalanceamentos, vemos que a carteira com Bitcoin teria quedas máximas semelhantes ao mercado, porém, teria um retorno bastante superior (16,66% a.a. contra 12,88%).

Como Housel destaca: “Berggruen podia estar errado na maioria das vezes, e, ainda assim, estar absolutamente certo”. No mercado de capital de risco, isso é bem evidente: cerca de 65% dos investimentos realizados entre 2004 e 2014 perderam dinheiro. Ainda assim, o sucesso de um pequeno grupo de investimentos garantiu retornos extraordinários, mostrando como poucos acertos podem gerar grandes resultados.

A INFLUÊNCIA DOS EVENTOS DE CAUDA EM GRANDES CORPORAÇÕES

Mesmo grandes empresas estão sujeitas aos eventos de cauda. No mercado de ações, apenas uma pequena porcentagem das companhias gera a maior parte dos retornos. Gigantes como Amazon e Apple também tiveram seu crescimento impulsionado por alguns produtos inovadores, enquanto vários outros projetos falharam.

Housel menciona que “em termos reais, todo o retorno do índice veio de 7% das empresas que o compõem, que tiveram desempenho superior em pelo menos dois desvios-padrão”. Um dado interessante do Russell 3000 Index, entre 1980 e 2018, é que 40% das empresas perderam 70% ou mais de seu valor e nunca se recuperaram. Ainda assim, o índice teve um crescimento expressivo, impulsionado por poucas empresas que se destacaram.

A PSICOLOGIA DOS INVESTIDORES EM FACE DOS FRACASSOS

A forma como os investidores lidam com fracassos é determinante para o sucesso a longo prazo. Reagir de forma exagerada às perdas pode atrapalhar o potencial de ganhos futuros. Aqueles que conseguem manter a calma e continuar focados nas oportunidades, mesmo nos momentos mais difíceis, acabam se saindo melhor.

Housel coloca isso de maneira clara: “Seu sucesso como investidor será determinado pela forma como você responde aos momentos pontuais de terror, não pelos anos passados no piloto automático”. Um exemplo disso é o impacto das recessões: durante o período de 1900 a 2019, investir sem se abalar durante recessões trouxe retornos muito maiores do que tentar adivinhar o momento certo de entrar e sair do mercado. Quem manteve o investimento constante terminou com 75% a mais do que aqueles que venderam durante as recessões.

CONCLUSÃO

Entender o papel dos eventos de cauda é essencial para se destacar nos investimentos. O sucesso não vem de uma sequência de acertos, mas de saber identificar e aproveitar poucas oportunidades que fazem uma grande diferença. Aceitar que erros fazem parte do processo é fundamental para alcançar resultados extraordinários.

Como Housel diz: “O que importa não é estar certo ou errado, mas o quanto de dinheiro você ganha quando está certo e o quanto você perde quando está errado”. Aceitar e aprender com os erros, enquanto se mantém focado nos grandes acertos, é o caminho para o sucesso financeiro.

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Renan Zanella, CFA
Renan Zanella, CFA
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