O CORTE TÃO ESPERADO ESTÁ PRÓXIMO
Na maior economia do mundo, o mês de Agosto trouxe dados econômicos mais fracos e, consequentemente, o sentimento unânime de corte na Fed Funds Rate (taxa básica de juros dos EUA) para a próxima reunião do FOMC em setembro. A curva de juros precifica uma chance superior de 100% para um corte de 25bps e uma pequena probabilidade de um corte maior de 50 bps.
O fim do ciclo de aperto monetário foi devidamente anunciado pelo presidente do FED, Jerome Powell, na conferência de Jackson Hole: “chegou a hora de começar a cortar os juros” foi a afirmação de maior impacto de Powell no evento, que demonstrou otimismo com a meta de inflação de 2% nos Estados Unidos, aliada de um mercado de trabalho resiliente.
Apesar da declaração, a preocupação com dados do mercado de trabalho mais retraídos e revisados continuamente a menor do que às datas de publicação trazem um sentimento de retração econômica mais forte pelos Estados Unidos
Desde o mês de março de 2022 vimos as taxas de juros sendo elevadas nas reuniões do Banco Central americano, até agosto de 2023. A partir dali, observamos o patamar efetivo de 5,33% ao ano sendo mantido com o objetivo de controlar os impactos da inflação americana, principalmente, verificada nos indicadores do PCE/CPI, bem como de dados de empregos que indicam um termômetro às condições econômicas da maior potência do mundo.
E A SELIC NO BRASIL?
Na contramão dos Estados Unidos, há o temor no cenário doméstico de que a nossa taxa Selic possa voltar a ser elevada na próxima reunião do COPOM. Não apenas há essa possibilidade, como o mercado precifica isso na curva de juros. Essa condição se ampara nos discursos do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, bem como do já indicado para assumir tal posto, Gabriel Galípolo.
Entendemos que o cenário internacional propicia condições mais amenas na política monetária do Brasil, ainda que observações ao mérito fiscal sejam relevantes e necessárias. No entanto, uma vez que Galípolo disse aos quatro ventos estar preparado para uma postura mais rígida – buscando aumentar sua credibilidade – o cenário mais plausível é de aumento das taxas no curto prazo para conter a desvalorização da moeda e aumento do juro futuro e posteriormente queda dos juros e volta a normalidade.
EXPECTATIVA AO MERCADO DE CAPITAIS
Como falamos em nossa última carta mensal, que você confere por meio deste link, o início dos cortes nos juros americanos pode facilitar um fluxo de capital aos mercados emergentes (a exemplo do Brasil). Este movimento já pode ser observado pelo conteúdo da imagem que segue:
Legenda: fluxo de capital estrangeiro na nossa bolsa de valores no ano de 2024)
Apesar do saldo negativo do consolidado em 2024 em nossa bolsa, notamos uma reversão das saídas no ano a partir do início do segundo semestre. O investidor estrangeiro parece antecipar o movimento de afrouxamento monetário americano e se dispõe a alocar seu capital com ativos de maior risco.
Todavia, é válido ponderar que, apesar da nossa bolsa ter atingido seu all time high renovando a máxima histórica de 137 mil pontos com o índice Ibovespa, se ajustado ao dólar temos um péssimo desempenho anual comparando com outros mercados emergentes, conforme levantamento do Itaú até a metade do mês de agosto:
Legenda: retorno anualizado, em dólar, dos principais mercados emergentes, em levantamento realizado pelo Itaú.
Neste contexto, entendemos que, apesar da recente valorização dos principais índices de nosso mercado acionário, ainda há margem para valorização de nossa bolsa pelo movimento observado no fluxo de capital estrangeiro, aliado dos bons resultados recentes das nossas principais empresas, de maneira geral.
O estudo do BBA ratifica que em períodos onde spread entre a taxa americana e brasileira diminui, melhor tende a ser o desempenho do Ibovespa.
Legenda: correlação negativa do spread de juros longos de Brasil e Estados Unidos – 10 anos – com o Ibovespa
Legenda: spread de juros longos entre Brasil e Estados Unidos
Ante o exposto, concluímos que o cenário favorece uma exposição moderada em renda variável no Brasil, porém com ressalvas quanto aos méritos fiscal e monetário para que o índice sustente condições favoráveis em um longo prazo. Com a abertura das taxas reais para patamares acima de 6%, a exposição em NTN-B e títulos privados atrelados à inflação contribuem para um portfolio equilibrado e alta probabilidade de sucesso.
Já no mercado acionário dos Estados Unidos, mantemos maior cautela pelas condições pormenorizadas, além de múltiplos esticados e forte concentração percentual a nível global, com mais de 65% da capitalização de mercado do mundo nas bolsas americanas, e do próprio índice S&P500 altamente concentrado.
Legenda: S&P500 seletivo e concentrado. Estudo elaborado pela S&P Dow Jones índices
Carta elaborada por Renan Zanella, CFA e Lucas Viero De Conti, CNPI.
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