A ilusão do crescimento: quem ficou mais rico em 2024?
O mundo ficou mais rico em 2024. Essa é a manchete. Mas não é toda a história.
De acordo com o Global Wealth Report 2025, a riqueza global cresceu 4,6% em dólares no ano passado, recuperando-se da queda em 2022 e do ajuste parcial em 2023. Parece uma boa notícia — até que se observa quem realmente se beneficiou desse aumento.
Mais de 40% da população adulta segue abaixo da linha dos US$ 10 mil em riqueza total, respondendo por meros 0,6% do capital global. Em contraste, o topo da pirâmide (adultos com mais de US$ 1 milhão) representa 1,6% da população e detém 48,1% da riqueza do planeta.
Mais do que uma recuperação, o ano de 2024 representou um aprofundamento das desigualdades estruturais do sistema. E embora alguns mercados tenham conseguido avançar de forma mais equitativa, o panorama geral reforça a tendência: sem estratégia, o indivíduo comum afunda ainda mais na base da pirâmide.
Riqueza média é engano: a mediana revela a verdade
Ao olhar os rankings internacionais, vemos a Suíça liderando com US$ 687 mil de riqueza média por adulto. Mas essa liderança é enganosa. Quando observamos a mediana (valor central), Luxemburgo ultrapassa todos com US$ 395 mil.
Esse dado revela algo essencial. Em países com forte concentração de renda, poucos ultrarricos são capazes de distorcer a média para cima. A mediana expõe a realidade da maioria. França, Bélgica e Holanda estão entre os países que sobem de posição quando se observa a mediana. Os Estados Unidos, ao contrário, caem para o 15º lugar — um sinal de alerta para gestores, consultores e formuladores de políticas.
A distribuição real da riqueza em 2024
Entre os destaques regionais, a América do Norte foi o motor de crescimento patrimonial no último ano, com um avanço de 11,35% em termos absolutos. Os Estados Unidos, isoladamente, são responsáveis por quase 35% da riqueza global. A China continental ocupa o segundo lugar, com 6,3 milhões de milionários, ainda que apresente um ritmo mais moderado de expansão.
Mas o destaque percentual vai para a Europa Oriental, com crescimento de 12,01%, superando todas as outras regiões. Ao mesmo tempo, países como a Turquia lideraram em crescimento percentual de milionários, com +8,4%, enquanto os EUA ganharam em números absolutos, adicionando mais de 1.000 novos milionários por dia.
Europa Ocidental e Oceania enfrentaram retração na riqueza total, impactadas principalmente por efeitos cambiais e ajustes no mercado imobiliário. No Brasil, o número de milionários já ultrapassa 433 mil, o que posiciona o país como líder regional. Em moeda local, o crescimento da riqueza média por adulto foi de 5% acima do IPCA.
Quando observamos a desigualdade, o relatório apresenta uma ampla dispersão. O coeficiente de Gini da riqueza varia de 0,38 na Eslováquia, considerado um dos países mais igualitários, até 0,82 no Brasil e na Rússia, que seguem como alguns dos mais desiguais do mundo.
O fenômeno EMILLI: o milionário invisível
O relatório introduz uma categoria fundamental: o EMILLI — “Everyday Millionaire”, ou milionário do dia a dia.
Esses são indivíduos com patrimônio entre US$ 1 e 5 milhões. Embora não estejam nas capas de revistas ou em rankings globais, eles já somam 52 milhões de pessoas no mundo e possuem, juntos, US$ 107 trilhões. Desde o ano 2000, o número de EMILLIs quadruplicou, evidenciando uma nova classe dominante no jogo da gestão patrimonial.
No Brasil, esse perfil já representa parcela significativa dos clientes atendidos por multifamily offices e plataformas de investimentos sofisticadas. O EMILLI não é uma exceção, mas uma tendência consolidada e crescente.
Para onde vai a riqueza? A próxima transferência de US$ 83 trilhões
O UBS projeta uma das maiores transferências de riqueza da história moderna: US$ 83 trilhões devem trocar de mãos nos próximos 25 anos. Desse total, US$ 74 trilhões virão de transferências verticais, como heranças entre pais e filhos, e US$ 9 trilhões de transferências horizontais, entre cônjuges e pares.
Os Estados Unidos liderarão esse movimento com US$ 29 trilhões. O Brasil aparece logo atrás, com estimativa de quase US$ 9 trilhões, seguido pela China com US$ 5,6 trilhões. Mais do que números, essa transição exige estruturas robustas de planejamento: holdings familiares, testamentos, seguros, previdência privada e estruturas fiduciárias como trusts devem ganhar protagonismo. Se você ainda não procurou ajuda especializada, deveria entrar em contato conosco o quanto antes.
O recorte feminino também merece destaque. Nos Estados Unidos, 74% das mulheres que esperam herança antecipam dificuldades. Muitas não conhecem os planos de seus pais, nem a localização dos ativos que irão herdar. Em um cenário de transferências cada vez mais complexas, esse dado reforça a urgência de educação patrimonial intergeracional.
Composição patrimonial: como ricos investem?
Outro dado relevante do relatório está na composição dos ativos que formam a riqueza em diferentes países. Nos Estados Unidos e na Suécia, a predominância é de ativos financeiros — ações, títulos e fundos. Já na Austrália e na Espanha, os imóveis representam a maior parte do patrimônio.
No Brasil, o imóvel residencial ainda figura como principal ativo das famílias, enquanto em países desenvolvidos cresce o papel de previdência privada, seguros e fundos de pensão. Esses padrões revelam não apenas a cultura financeira local, mas também o grau de liquidez, risco e resiliência de cada estrutura patrimonial.
Implicações para investidores e planejadores
O relatório sinaliza de forma clara que quem ainda toma decisões com base em riqueza média está desatualizado. A mediana é um parâmetro mais confiável para guiar as análises e as políticas públicas. Os EMILLIs são os novos protagonistas do mercado, e suas necessidades exigem soluções sofisticadas e flexíveis. O planejamento sucessório deixou de ser uma preocupação de ultrarricos e virou uma urgência estrutural. A diversificação geográfica, antes restrita a grandes fortunas, agora é fundamental para preservar o poder de compra.
Conclusão
O que os números revelam é menos importante do que aquilo que eles escondem. A fotografia da riqueza global em 2025 mostra avanços numéricos, mas também escancara o abismo entre quem cresce por inércia e quem cresce por projeto. No novo jogo da acumulação patrimonial, quem opera de forma automático tende a ser engolido pelo sistema. Só permanece relevante quem se antecipa — com estrutura, visão e disciplina.
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