Como ter ganhos consistentes sem depender de ciclos de alta



Você já deve ter visto um pêndulo, daqueles que víamos em filmes e desenhos, que eram usados para hipnotizar as pessoas que olhavam seus movimentos. Pois é, os ciclos econômicos têm mais ou menos a mesma dinâmica desses movimentos. Não me refiro aqui às altas e baixas nos preços dos ativos, ou o modelo tradicional dos grandes ciclos do mercado de capitais, que pressupõe momentos de altas generalizadas e inexplicadas pelos fundamentos e capacidade das empresas de gerarem lucro, bem como outros onde o fundo do poço parece não ter fim e os investidores são tomados por sentimentos de pessimismo, mesmo que as empresas continuem desempenhando suas atividades com plena capacidade de honrarem com seus compromissos.

O movimento pendular se mostra nos ciclos menos aparentes e mais difíceis de serem controlados. Considerando que os bancos centrais têm a difícil missão de assegurar a estabilidade nos preços e, ao mesmo tempo, fomentar o pleno emprego, momentos de grandes mudanças econômicas ou quando há grandes intervenções pelos banqueiros centrais, (o que normalmente significa mudanças nas taxas básicas de juros da economia) as decisões de corte ou aumento nas taxas de juros são provocadas por indicadores complexos, que não refletem apenas o momento atual, e têm desdobramentos por vários meses após serem medidos. É aqui onde vemos a semelhança com o movimento do pêndulo, já que este, após ser movimentado realiza uma trajetória de subida e depois retorna ao ponto mais baixo, a questão é que após esse retorno ao ponto inicial, a primeira lei de Newton (da inércia) se faz presente e, ao invés de parar no mesmo lugar de onde começou, ele continua em movimento e recua mais, se distanciando novamente de onde irá parar.

Vamos imaginar um cenário onde, afim de controlar a inflação, os bancos centrais fizeram sucessivas altas nas taxas básicas de juros, há um período onde o pêndulo da economia começa a ter seu movimento revertido (primeiro desacelera na subida, reverte o movimento e começa a acelerar na descida). A inflação começa a ficar próxima da meta estipulada e a atividade econômica e o mercado de trabalho ainda estão aquecidos. Nesse momento os indicadores sinalizam que os preços dos produtos na economia real possuem tendência de baixa, mas agora vemos menos vagas de trabalho sendo criadas e o número de desempregados começa a crescer, temos então, um mercado de trabalho com tendência de desaceleração. É aqui onde o próximo passo vai determinar qual distância o pêndulo avançará após passar pelo ponto desejado de parada, já que a manutenção das taxas de juros em patamares mais elevados, farão o consumo e a atividade industrial sofrer por mais tempo, o que levará à uma recessão e um pior cenário laboral.

A decisão então é simples, basta cortar a taxa de juros e deixar que o mercado permaneça aquecido, permitindo que os preços fiquem ligeiramente acima da média, certo? Não é isso que a história mostra, mas sim que a inflação vem em ondas, e como uma mola, ao ser pressionada volta mais forte que a anterior se não tiver sua raiz combatida. Temos então o maior dilema dos bancos centrais por todo o mundo, pressionamos a economia e seus agentes para conter as altas nos preços a despeito do mercado de trabalho, ou suportamos uma inflação acima da meta proposta sem causar muitos danos futuros à população?

De uma forma ou de outra, a inflação é um fenômeno antidemocrático causado pelos próprios governos através da oferta monetária expansionista. Que o diga a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, que ao combater o aumento generalizado de preços no Reuni Unido ficou conhecida como “A Dama de Ferro”. A dicotomia entre desempenho econômico e inflação vêm atormentando a humanidade há mais de 2 mil anos e controlar esse pêndulo econômico é muito mais difícil do que parece, já que estudamos sempre os cenários passados, mas devemos acompanhar os indicadores, afim de identificarmos qual momento do ciclo estamos e nos prepararmos para o avanço e o recuo do pêndulo, por meio de estratégias de longo prazo aderentes ao perfil identificado.

Uma carteira construída a partir de informações sólidas, premissas adequadas e uma expectativa realista e adequada sempre ao prazo disponível permite a antecipação dos movimentos e ciclos econômicos. Dessa forma, você investidor, não fica exposto ao temido risco da ruína que pode te tirar do jogo, mas sim adotar uma estratégia consistente de retornos vindos de um Asset Alocation adequado ao seu perfil e seus objetivos.

Mas como saber se estou exposto a esse risco ou se estou posicionado de forma a aproveitar esses movimentos macroeconômicos? Se você acompanha o mercado diariamente e tem conhecimento profundo dos fundamentos da macroeconomia, é necessário identificar primeiro se o seu Asset Alocation atual está aderente ao seu perfil de risco, sua expectativa de retorno e seu horizonte de tempo. Se tudo estiver alinhado, identifique não só qual momento do ciclo econômico estamos, mas também qual a tendência de movimento e aceleração do pêndulo. Um ponto importante a se destacar é que um profissional sempre terá uma capacidade analítica sobre seu portfólio maior do que você mesmo, já que muitas vezes somos influenciados pelos nossos vieses, portanto ter um bom consultor para acompanhar uma carteira orientada a longo prazo é o melhor caminho para proteger seu patrimônio e ter ganhos consistentes para atingir seus objetivos e sonhos.

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Luiz Felipe Morelli
Luiz Felipe Morelli
Artigos: 4

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